Porque é que é inevitável, ao falarmos da Filosofia, apresentarmos o exemplo de Sócrates? Porque ele representa bem a incomodidade da Filosofia. Chamavam-lhe "o moscardo" porque ele era inoportuno, colocava questões impertinentes aos que se afirmavam como sábios, acabava por mostrar que a sabedoria deles era apenas aparente, uma mistificação de charlatães. Sócrates utilizava a ironia para combater o pedantismo intelectual daqueles que julgavam que sabiam tudo. Sócrates recusava-se a ser o mestre, o sábio, o fornecedor de soluções e, em contraposição, ajudava os outros a pensar na sua função de parteiro. Sócrates é o exemplo de quem não abdica das suas ideias e, perante a ameaça dos múltiplos inimigos, mantém a serenidade de espírito.
É pois inevitável falar de Sócrates. No entanto não vamos incensá-lo, transformá-lo numa estátua dourada. Tratemo-lo da mesma forma que ele tratava os outros, com respeito e ironia, de maneira a não o converter num mestre infalível. Sócrates merece que aprendamos com ele a pensar critica e livremente.
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