O senso comum tem o peso da tradição, que o transforma num saber de repetição e de hábitos e tem a fatalidade de estar prisioneiro das primeiras impressões, das aparências, da falibilidade dos sentidos. O senso comum é, fundamentalmente, superficial, sensitivo e sensorial, subjectivo, assistemático, acrítico. O senso comum, embora tenha a vantagem de ser utilitário e permitir-nos resolver os problemas do quotidiano, torna-se pernicioso quando se assume como uma visão do mundo devido à falta de espírito crítico e à sua submissão às aparências ilusórias.
A filosofia opõe-se à superficilialidade do senso comum substituindo-a pela radicalidade, pela investigação em profundidade, recusando as primeiras impressões, as visões superficiais, as evidências demasiado imediatas.
A filosofia opõe-se à crença nos sentidos e às visões emocionadas e emocionais através da reflexão e do uso crítico da razão que supera os erros dos sentidos e as impressões emocionais.
A filosofia opõe-se ao subjectivismo egotista daqueles que fazem girar o mundo em volta de si mesmos e, afirmando que o pensar deve ser pessoal, insiste na importância do diálogo e na possibilidade de construir um saber partilhado.
A filosofia opõe-se ao anarquismo daqueles que acreditam que se pode pensar no caos e através do caos, desordenadamente, sem método, espontaneamente e propõe a substituição desse anarquismo intelectual por um esforço de sistematização e de rigor propícios à partilha de ideias e à sua fundamentação. A filosofia opõe-se à ausência de espírito crítico, à passividade, à preguiça intelectual, à predisposição para aceitar os argumentos da autoridade, afirmando o inconformismo, o direito à divergência e utilizando a dúvida, a ironia e a reflexão crítica como poderosas armas para derrubar os dogmatismos.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
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