- Como é que se aprende Filosofia? – perguntou a Madalena”.
- A Filosofia não se aprende. – respondeu prontamente o professor – Só se aprende a filosofar.
- O stor é que nos come a cabeça – desabafou o Rogério.
- Explique lá isso – pediu o Jerónimo.
- Poder-se-ia ensinar Filosofia se houvesse só uma Filosofia.
- E não há? – perguntou o André.
- Há muitas filosofias, quase tantas quantos os filósofos.
- Isso é muito complicado – queixou-se o Rogério.
- A Filosofia não é um saber de unanimidades, ela faz-se através da discussão, do confronto de ideias.
- E então, o diálogo? – perguntou a Madalena
- O diálogo não exclui as discordâncias, o diálogo, sendo sempre a procura da concordância, não tem obrigatoriamente que nos fazer chegar a uma conclusão unânime.
- Voltemos ao assunto – pediu a Madalena – Se não se pode aprender Filosofia então o que é que estamos aqui a fazer?
- Boa pergunta – admitiu o professor – A resposta não é fácil. A Filosofia é mais do que um conjunto de pensamentos sistematizados, ela é um desafio para que cada um de nós construa os seus próprios pensamentos.
- O que é que isso significa? – perguntou o Jerónimo
- Significa que a Filosofia nos pode ensinar a pensar com maior rigor, com maior profundidade. Ao estudar os pensamentos dos filósofos podemos aproveitar para treinar as nossas próprias capacidades.
- Podemos discordar das opiniões dos filósofos? – espantou-se o Rogério
- Desde que fundamentemos devidamente essas discordâncias – observou o professor – Mas para isso temos que compreender verdadeiramente aquilo que os filósofos disseram e porque o disseram. Não é legítimo criticar aquilo que conhecemos vagamente ou, pior do que isso, que desconhecemos totalmente.
- Isso quer dizer que temos que conhecer aquilo que os filósofos disseram mas não para os imitar ou concordar com eles – tentou resumir a Madalena
- O essencial é desenvolvermos a nossa capacidade de pensar. O essencial é aprendermos a pensar com maior rigor e liberdade – concluiu o professor – Cada pensamento nosso ou dos outros deve ser examinado com atenção, esmiuçado para se avaliar a sua congruência.
- A sua quê? – perguntou o André
- A sua consistência lógica, a sua coerência – explicou o professor
- Onde é que o stor vai buscar essas palavras difíceis?
- É preciso também conhecer o sentido dessas palavras difíceis se queremos entender as mensagens dos filósofos. Eles normalmente não utilizam a linguagem que vocês usam no vosso quotidiano.
- O stor quer que andemos com um dicionário?
- Se o objectivo for compreender as ideias de alguém, é necessário que nada fique por descodificar. Uma palavra mal compreendida ou até mesmo ignorada pode implicar que o sentido profundo do texto se torne inacessível.
- O que é que é preciso mais para filosofar? – perguntou a Madalena
- Ter espírito aberto e crítico. Mas isso é assunto para outra conversa – rematou o professor
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário